quarta-feira, 8 de março de 2023

A função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer: FELIZ DIA INTERNACIONAL DE LUTA PELO DIREITO DAS MULHERES!

 

O DIA INTERNACIONAL DA MULHER. POR QUE 8 DE MARÇO?

    Tudo começou no final do século XIX e início do século XX nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho, e pelo direito de voto. Em 26 de agosto de 1910, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhague, a líder socialista alemã Clara Zetkin propôs a instituição de uma celebração anual das lutas pelos direitos das mulheres trabalhadoras.
    A alemã Clara Zetkin era membro do Partido Comunista Alemão e militante operária das causas das trabalhadoras mulheres. Em 1891, criou a revista Igualdade, que circulou por 16 anos e era formada por mulheres e voltada às trabalhadoras, e em 1920 chegou a ser deputada na Alemanha, defendendo a participação das mulheres na política e no trabalho. Lutou contra o nazismo, mas, com a ascensão de Hitler em 1933, teve que exilar-se em diversos países, escolhendo morar, por fim, na URSS. Morreu naquele mesmo ano, em Moscou.
    Depois de proposto por Clara a instituição de uma celebração anual, as celebrações passaram a ocorrer em diferentes datas para cada país de acordo com as manifestações locais. Na Rússia, por exemplo, as comemorações do Dia Internacional da Mulher foram o estopim da Revolução Russa de 1917: em 8 de março de 1917, a greve das operárias da indústria têxtil contra a fome, contra Nicolau II e contra a participação do país na Primeira Guerra Mundial precipitou os acontecimentos que resultaram na Revolução de Fevereiro. Sempre com a intuição de lutar pelos direitos econômicos, sociais e trabalhistas das mulheres.
    Até que o ano de 1975 foi designado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher e o dia 8 de março foi adotado como o Dia Internacional da Mulher pelas Nações Unidas, tendo como objetivo lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, independente de divisões nacionais, étnicas, linguísticas, culturais, econômicas ou políticas.
    Os motivos para a instituição desse dia são incalculáveis, vem de muito tempo atrás e seguem somando muitos outros no decorrer da trajetória da mulher na sociedade; por exemplo,  o terrível incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist, que matou 125 mulheres, no dia 25 de março de 1911, foi mais um marco, símbolo da situação trabalhista das mulheres naquela época. E assim seguimos somando muitos outros motivos até hoje.
    Para a cientista política Avelar, hoje, a mulher da periferia no Brasil, assim como a trabalhadora das camadas mais pobres e marginalizadas, ainda são as mais silenciadas e as menos favorecidas.
    “As divisões de classe social, de raça e etnia, separam as mulheres em suas condições objetivas de vida”, explica. “Existe a convicção de que os movimentos feministas e as organizações sindicais caminham juntos, o que é não é completamente verdade. Mas se não fosse a adesão de mulheres de classe média, secundaristas e universitárias às causas das mulheres de periferia, questões como creches, custo de vida, saúde reprodutiva, jamais ganhariam força e visibilidade.”
    Assim nesse dia 8 de março, não deve ser mais uma data comercial ou feita para simplesmente festejar! Não! É uma data que representa luta, e todo o trajeto que temos percorrido para alcançar a equidade de gênero, o fim da violência contra a mulher em todas as suas estâncias e toda a luta realizada até aqui. Tudo isso vai além de rosas e precisa ter o mesmo espírito das mulheres que lutaram para que esse dia existisse.
    Para a cientista política Flávia Biroli, professora da Universidade de Brasília, a importância de se associar o 8 de março às lutas de trabalhadoras contra seus patrões é a de reconhecer que o capitalismo industrial foi estruturado sobre a subordinação das mulheres.
    “A desvalorização do trabalho das mulheres e o controle sobre elas tanto no âmbito familiar quando no público, isto é, na política e no trabalho, são elementos organizadores do capitalismo industrial e permanecem fundamentais para se explicar as conexões entre gênero, trabalho e desigualdades hoje”, afirma Birolli.

(por Maria Inês Chaves Preza Freitas)

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